Lucratividade na canola é discutida em curso
13/09/2018
15:26:10
A alta cotação da soja poderá servir de estimulo ao cultivo de canola na próxima safra de inverno. Isso porque o preço da canola é equivalente à soja nos contratos pré-estabelecidos entre a indústria de óleos e o produtor. As oportunidades de lucratividade no cultivo da canola serão discutidas no Curso de Capacitação e Difusão de Tecnologia em Canola, que acontece dia 30/03, na Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS).
Embora a canola tenha sido introduzida no Brasil na década de 1970, somente 20 anos depois a cultura se estabeleceu nas lavouras. Hoje, apesar de contar com avanços tecnológicos (cultivares hibridas de menor ciclo, zoneamento agroclimático, estabelecimento de quantidade de semente e densidade de semeadura, identificação de adubação adequada, etc.) e estabelecimento de canais de comercialização (empresas que realizam o fomento da produção, com garantia de preço, além da prestação de assistência técnica), a canola ainda detém um espaço pequeno nas áreas com cultivos de inverno. Nos últimos anos, a área de canola no Brasil atingiu cerca de 50 mil hectares, enquanto que o trigo – cereal que ocupa o maior espaço nos cultivos de inverno – esteve próximo dos 2 milhões de hectares. Contudo, nos últimos cinco anos, a área de canola tem apresentado crescimento constante, com exceção de 2012, quando a estiagem prejudicou a semeadura. Em 2015, a expansão foi de 8% em relação à safra anterior, e para 2016 a previsão é de novo aumento na área.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, Gilberto Tomm, a decisão de cultivar canola recai sobre um conjunto de informações de viabilidade tecnológica e econômica relativas à cultura. “As frustrações com o clima na safra de trigo, certamente impulsionam o produtor a experimentar outras culturas, ainda não tradicionais como a canola”, avalia Tomm.
Para o analista da Embrapa Trigo, Paulo Ernani Ferreira, a canola é uma boa estratégia de diversificação de cultivos na propriedade rural, diminuindo riscos e aumentando a geração de renda na produção de grãos no inverno.
Com o preço vinculado à soja, a canola conta ainda com vantagens como menor demanda de insumos (dispensa o uso de fungicidas) e maior liquidez, já que a produção brasileira não atende as necessidades da indústria de óleos, tanto para consumo humano, quanto para biodiesel ou para ração animal.
Custos de Produção
Uma das palestras apresentadas no evento será sobre custos de produção de canola, com a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, Claúdia De Mori, e o analista da Embrapa Trigo, Paulo Ernani Ferreira.
No Rio Grande do Sul, na safra 2015 na região de Passo Fundo, os custos diretos de implantação de lavoura (insumos e operações mecânicas) foram de R$ 1.065,00/ha e os custos variáveis (insumos, operações e gastos pós-colheita) atingiram R$ 1.326,00/ha, o que significou 19,5 sc/ha considerando o preço médio pago no estado no ano passado de R$ 68,00/sc de 60 kg. A fase de semeadura representou cerca de 50% dos custos variáveis, principalmente em função do fertilizante (32%) e de sementes (9,8%). Segundo a pesquisadora Cláudia De Mori, em 2016 a alta do dólar deverá provocar aumento no preço dos insumos e, nos últimos anos, o item mão-de-obra tem encarecido a atividade agrícola. As estimativas são de aumento de 15% nos custos de produção da canola em relação ao ano anterior.
Novidades
Em 2015, foi registrado no Brasil o herbicida do grupo das imidazolinonas para aplicação nos híbridos de canola Hyola 571 CL e Hyola 575 CL. A tecnologia Clearfield (CL) facilita o controle de plantas daninhas em canola através do emprego de herbicida pós-emergente. O tema será apresentado pelo gerente de pesquisa e desenvolvimento da Basf, Rômulo Augusto Ramos.
O controle fitossanitário na canola também é destaque na participação do analista da Embrapa Meio Ambiente, Luiz Guilherme Wadt, que apresenta de forma teórica e prática a tecnologia de aplicação de defensivos em canola.
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Joseani M. Antunes
Jornalista da Embrapa Trigo